O Procurador da
Fundação Nacional do Índio (Funai), Matheus Antunes de Oliveira, irá recorrer
da decisão judicial de reintegração de posse contra a terra Kaninari Itixi, em
Beruri (AM), município localizado a 172 quilômetros de Manaus, na região do Rio
Solimões.
A decisão foi
anunciada durante reunião com lideranças das aldeias, no último fim de semana,
na sede da Funai. Segundo informações do Conselho Indigenista Missionário
(CIMI), Regional Norte I (AM/RR), a ação de reintegração de posse foi
impetrada por Edilberto Batista Gomes contra os indígenas Francisco Souza
Brasil, Francisco Souza Brasil Filho e Deusimar Luis Brasil, todos do povo
Apurinã, moradores da aldeia São Raimundo.
No dia 22 de junho
passado, o juiz da Comarca de Beruri, Mateus Guedes Rios, concedeu liminar em
favor do posseiro, justificando que “a Funai não manifestou formalmente
qualquer interesse de intervir na lide”.
Na terra Kaninari
Itixi vivem 47 famílias majoritariamente do povo Apurinã, nas aldeias São
Raimundo, Nossa Senhora do Carmo e Deus é Amor. Em 23 de janeiro de 2001 foi
requerida pelas lideranças indígenas a demarcação da área, sem qualquer providência,
por parte da Funai, até a presente data.
Conforme o cacique
da aldeia Deus é Amor, Batista Brasil da Silva, o posseiro que requereu a
reintegração de posse é membro de uma família com um longo histórico de
conflito com os indígenas. “Os posseiros já fizeram ameaças de morte, estão
acostumados a tirar madeira ilegalmente da área e cometer outras atitudes
ilegais”.
Ele revelou que já
haviam informado à Funai de muitas dessas ações ilegais, mas nenhuma medida foi
tomada para impedir que eles continuassem. Na reunião com o procurador da
Funai, as lideranças das aldeias disseram temer que algo mais grave possa
ocorrer, em razão das ameaças que vêm sofrendo.
A área
reivindicada pelos posseiros, denominada “Monte Áurea” fica no interior do
território, habitado pelos indígenas. “Na parte que eles querem não tem ninguém
morando, nem da parte deles, nem da parte dos indígenas”, explica Batista
Brasil.
O procurador
Matheus Antunes de Oliveira adiantou que vai entrar com recurso para encaminhar
o processo à Justiça Federal, que é a instância competente para julgar
processos envolvendo disputa de terra com indígenas.
Reportagem: Mercedes
Guzmán
Foto: Juan
Guerrero
Nenhum comentário:
Postar um comentário