Em
ofício encaminhado à presidência do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos
Recursos Naturais Renováveis (Ibama), o Ministério Público Federal (MPF)
requisitou a realização de fiscalização em 47 frigoríficos instalados em
diversos estados da Amazônia Legal, com o objetivo de verificar o cumprimento
das normas ambientais no exercício da atividade de abate de animais. Os
estabelecimentos que serão alvos da fiscalização apresentam movimentação
relevante no âmbito da cadeia produtiva da pecuária e não firmaram Termo de
Ajustamento de Conduta com o MPF pela pecuária sustentável, por meio do
programa Carne Legal.
O
Ibama deverá apresentar os relatórios de fiscalização no prazo de 60 dias,
conforme o documento, encaminhado ao órgão em abril e assinado pelos
procuradores da República que integram o Grupo de Trabalho (GT) Amazônia Legal,
vinculado à 4ª Câmara de Coordenação e Revisão do MPF (4ª CCR).
Na
lista de frigoríficos a serem inspecionados, conforme o Ofício 001/2018, estão dez estabelecimentos localizados no
Acre, nove em Tocantins, nove em Mato Grosso, oito em Rondônia, quatro no
Amazonas, três em Roraima, dois no Maranhão e dois no Amapá.
TAC
da Pecuária – Em 2009, o MPF assinou Termo de Ajustamento de Conduta (TAC)
para que os produtores parassem de comercializar a carne proveniente de áreas
desmatadas e que os frigoríficos não comprassem carne de quem desrespeita
normas ambientais e trabalhistas. O acordo foi assinado pelas três maiores
empresas da área - JBS, Marfrig e Minerva – e por dezenas de frigoríficos em
todos os estados da Amazônia Legal.
Os
frigoríficos que assinaram os TACs se comprometeram a comprar matéria-prima
apenas de produtores rurais que não cometam desmatamento ilegal, que tenham
suas propriedades identificadas por meio de inscrição no Cadastro Ambiental
Rural, iniciem o processo de licenciamento ambiental e não tenham ocorrência de
trabalho escravo, invasão de unidades de conservação, terras indígenas,
quilombolas e comunidades tradicionais, e devem enviar ao MPF, a cada seis
meses, a lista de fornecedores credenciados e também dos que foram descredenciados
em função das exigências previstas no acordo.
Em
caso de descumprimento, o acordo prevê multa correspondente a 50 vezes o valor
da arroba de boi gordo, baseado no índice da BM&F-Bovespa, por cabeça de
gado adquirida fora dos padrões estabelecidos pelo TAC.
Os
resultados do projeto foram apresentados pelo MPF em 2017, durante evento
promovido pelo governo norueguês para discutir soluções estratégicas para o
desmatamento de florestas tropicais. De acordo com relatório divulgado pela
Organização das Nações Unidas (ONU), o projeto representa um dos maiores
processos de redução da emissão de gases que provocam o efeito estufa, bem como
um grande avanço na preservação ambiental. Conforme levantamento feito pela
Union of Concerned Scientists, apresentado no evento, a atuação do MPF
contribuiu para uma redução superior a 60% do desmatamento ilegal da Floresta
Amazônica.
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