Como
alternativa ao mercado madeireiro ilegal, o manejo florestal comunitário tem
ganhado força no interior do Amazonas. Com apoio do projeto Cidades Florestais,
executado pelo Idesam, pelo menos 40 famílias em sete municípios amazonenses
realizam ações de campo para iniciar ou incrementar a comercialização de
madeira legal, o que inclui diagnósticos das áreas para avaliar o potencial
produtivo de cada região, inventários florestais para elaboração de Planos de
Manejo Florestais e treinamentos.
A
expectativa é que as famílias consigam licenciar 4,5 mil metros cúbicos de
madeira em 2019, o que representa 65% do volume licenciado para manejo
comunitário em todo o Estado em 2018. Apenas dois dos sete municípios apoiados
pelo projeto já realizavam manejo florestal comunitário.
O
gerente do projeto Cidades Florestais, André Vianna, explica que cerca de 9 mil
hectares de floresta estarão aptos a manejo florestal de comunidades e famílias
do interior do Amazonas. Deste total, 5 mil hectares já estão em processo de
licenciamento para permitir a exploração florestal em 365 hectares ainda este
ano.
As
projeções são animadoras para os comunitários envolvidos que vão se beneficiar
com o aumento de renda proveniente da atividade. A expectativa é que os planos
de manejo gerem de R$ 10 mil a R$ 25 mil reais de lucro para seus detentores.
“Para
melhorar a gestão da produção e possibilitar o maior retorno possível, os
manejadores também estão utilizando um aplicativo criado pelo projeto. Por meio
do app, é possível registrar todos os custos de cada etapa do manejo e saber o
real custo de produção, reduzindo os custos de forma mais eficiente”,
complementa Vianna.
Aliado à
geração de renda, as comunidades participantes também recebem qualificação, por
meio de cursos como gestão florestal, boas práticas em produtos
florestais não-madeireiros; uso de máquinas, equipamentos florestais e EPI
(Equipamento de Proteção Individual); derruba direcionada e beneficiamento da
madeira.
Entre
março e maio deste ano, os municípios de Apuí, Carauari, Silves, assim como a
Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) do Uatumã e a Reserva Extrativista
(Resex) Ituxi receberam o curso de Gestão Florestal para capacitar as
organizações sociais na gestão produtiva. As capacitações tiveram ampla participação
das comunidades e foram realizadas em parceria com o Instituto Floresta
Tropical (IFT) e Idam.
O
coordenador técnico do projeto, Marcus Biazatti, destaca ainda que todo esse
processo prepara os produtores rurais para atender de maneira mais profissional
e organizada a um mercado consumidor de madeira local e internacional, para a
fabricação de mobiliário e construção civil.
Aplicativo
Cidades Florestais
Ainda
como diferencial do projeto Cidades Florestais, os manejadores estão sendo
treinados em uma ferramenta para permitir a rastreabilidade da madeira e
permitir a gestão de custos da atividade florestal. O aplicativo Cidades
Florestais recebe o mesmo nome do projeto e está em fase final de testes.
O
aplicativo vai possibilitar a maior transparência da madeira comercializada,
com informações do detentor e o local do Plano de Manejo, número e espécie da
árvore, coordenadas geográficas e volume madeireiro a ser manejado.
Angelim,
Cumaru, Ipê, Marupá, Cupiúba, Tauarí, Itaúba, massaranduba são as principais
espécies nobres utilizadas no manejo florestal.
“Estamos
adotando novo sistema de inventário florestal, onde por meio do aplicativo
Cidades Florestais serão registrados todos os dados de campo, e as árvores
estão recebendo plaquetas com QRCode que irá permitir a rastreabilidade
da madeira em toda a cadeia”, explica Biazatti.
Para o
morador da comunidade Bauana (Carauari), Mailson Gondin, o aplicativo
desenvolvido e os treinamentos aplicados ajudam a enriquecer o conhecimento
tradicional dos beneficiários.
“É muito
importante esse tipo de incentivo para que a gente se mantenha motivado a
trabalhar de forma legal, ajudando na redução de exploradores madeireiros
ilegais”, afirma Gondin.
Sobre o
Cidades Florestais
O Projeto Cidades Florestais, iniciado em 2018, tem como
propósito fomentar a produção florestal familiar e comunitária do Amazonas,
tanto madeireira quanto não madeireira. Executado pelo Idesam com financiamento
Fundo Amazônia /BNDES, o projeto desenvolve ações junto a organizações sociais
nos municípios de Apuí, Carauari, Itapiranga, São Sebastião do Uatumã, Silves,
Lábrea e Boa Vista do Ramos. Atualmente, 12 organizações compõe o projeto.
O Cidades
Florestais ainda prevê a estruturação de uma Central Florestal, espécie de
núcleo tecnológico, que juntamente ao aplicativo Cidades Florestais
possibilitarão a execução de extensão florestal em larga escala, com baixo
custo e de forma mais atrativa ao público jovem.
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