Desde menina, sua mãe lhe dizia: “Faça o bem, sem olhar a
quem, e sem esperar nada em troca”. Mas como não esperar algo em troca, quando
se perde a mãe, com 15 anos, com três irmãos mais novos para ajudar a criar?
Raimunda Lopes Gonçalves, para os amigos, Ray, é
cabeleireira. Durante a semana trabalha no centro de Beleza Ray, ou “Salão da
mamãe”, nome carinhosamente sugerido pelos filhos, que veem o empenho e
dignidade da mãe em realizar seu trabalho.
Nos finais de semana, ela se junta ao grupo “Amigos
Solidários”, formado por voluntários, em Manaus, e segue aos locais programados
para ações comunitárias. “É uma satisfação muito grande poder ajudar, faço tudo
para que saiam satisfeitos”, ela diz.
Fazer unhas, tirar sobrancelhas, cortar cabelos, é com ela
mesma. Desde os 15 anos se empenhou, fez cursos, descobriu que podia ter uma
profissão, além de empregada doméstica, atividade que abraçou quando a mãe
morreu.
“Quando perdi minha mãe, meu pai se entregou à bebida, e eu
me vi na obrigação de fazer alguma coisa para sobreviver, junto aos meus três
irmãos. Na minha casa não tinha nada, não tinha comida, não tinha luz”, conta.
Ray foi trabalhar em casa de família, mas como o salário
seria pago mensalmente, pensou em ser manicure e pedicura para levantar uma
renda mínima. Olhou suas mãos e seus pés e viu que estavam maltratados. Não
poderia exercer a atividade com essas impressões.
A primeira coisa que Ray fez foi ir a um salão, com um
dinheiro que conseguira de vizinhos. Assim, melhoraria sua aparência e aprenderia
o ofício. Entretanto, o tratamento que recebeu no salão foi discriminatório e,
de lá, saiu humilhada.
Foi quando teve a ideia de pedir ao pai que lhe comprasse um
jogo de manicure, o que foi feito com dificuldade. “Uma vizinha, com sete
filhas, me propôs fazer as unhas das meninas e assim, aprender. Comecei assim,
fazia as unhas, duas, três vezes, por semana, das filhas dela”.
A partir de então, Ray fez inúmeros cursos,
profissionalizou-se e hoje se considera feliz em poder ajudar as pessoas. “O
que fizeram por mim, pelos meus irmãos e pelos meus filhos no momento em que
precisei, hoje procuro retribuir às pessoas”.
Ray é alegre, sabe que a riqueza é algo interior, não
exterior. “Ver as pessoas querendo melhorar sua aparência, cortar seu cabelo,
tirar as sobrancelhas, e a gente sabendo que pode ajudar, isso não tem preço.
Se der para eu fazer, eu faço”, revela.
O salão da Ray fica na Avenida G, nº 120 A – Alvorada I. Agende
uma visita! Fones: 992621784/981265776.
Texto: Regina Melo
Fotos: Mercedes Guzmán
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