sexta-feira, 12 de agosto de 2016

Rede feminista para ações solidárias


Ela diz que já foi machista e consumista. Hoje atua em projetos colaborativos, como o La Barganha e o Bolsa das Manas, numa rede feminista de sororidade e empatia.

Ela é Ayla Shamenia Viana, manauara, de 22 anos, formanda do curso de Relações Públicas, da Universidade Federal do Amazonas. Como se deu essa transformação, ela conta para a reportagem do blog Olhos da Amazônia.

“Há poucos anos, minha vida mudou. Eu era uma mulher que não saía de um shopping sem uma nota fiscal. Tinha dezenas de pares de sapatos, roupas, acessórios, até o dia em que ouvi de uma comunitária que eu tinha tudo isso, e ela apenas dois shorts”, revela.

“Na verdade, eu compensava as frustrações, comprando. A partir daí, passei a refletir sobre minha forma de vida e sobre hábitos, preconceitos e discriminações embutidos nos comportamentos das pessoas”. 



O feminismo, que conheceu, ao ingressar na Universidade, ajudou a mudar sua forma de pensar. Separou o que seria para doação, o que guardaria para os sobrinhos e o que investiria em projetos sociais.

Começou sua pequena grande revolução. “Não tenho dinheiro, não sei desenhar, cantar. Mas também não tenho 15 pares de pernas, 20 peitos, ou 30 pés, mas tenho muitos livros”. Surgiu o primeiro projeto colaborativo, o La Barganha, um “mercado de pulgas”, onde os preços não ultrapassaram o valor de R$ 50,00, realizado em março deste ano, no Parque dos Bilhares.

A ideia impulsionou uma nova iniciativa, o Bolsa das Manas, inspirado numa realização semelhante, no Distrito Federal. Com o apoio de parentes, amigos e da Unidade Básica de Saúde parte do dinheiro do brechó foi investido em 50 bolsas com utensílios pessoais (escova e pasta de dentes, absorventes, etc.), entregues a mulheres em condição de rua.



Essa experiência foi bem significativa, pois o fato de não alcançar os homens acabou gerando uma confusão, mas também um grande aprendizado. Por isso, na próxima mobilização, prevista para o final do ano, deverá mudar a estratégia. O mais novo projeto é o de apoiar as mães que precisam fazer concursos, revela, torcendo para que a rede de mulheres se multiplique.

“Uma coisa puxa a outra”, diz. Para ela, movimentar a economia de uma forma solidária, com responsabilidade social, relações sociais e comunicação integrada é um grande negócio: “É importante olhar para fora da gente. Precisamos nos unir para nos fortalecermos. Nós, mulheres não podemos nos fragilizar, brigar entre nós por mesquinharias”, conclui.


Texto: Regina Melo
Fotos: Divulgação

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