No Dia Mundial de combate à
Tuberculose (24), a Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado
(FMT-HVD), unidade vinculada à Secretaria Estadual de Saúde (Susam), informou
que dará início nas próximas semanas à segunda fase de uma pesquisa inédita no
mundo, que pretende identificar fatores genéticos relacionados a falhas e
efeitos colaterais do tratamento da Tuberculose. O objetivo é apontar novas
alternativas para o controle da doença. A Tuberculose é considerada um problema
de saúde pública. Junto com o HIV, é responsável pelas principais causas de morte
entre as doenças infecciosas, no mundo.
A pesquisa, que começou com a
coleta de amostras em 2016, entra agora na fase de análise desse material. O
projeto, denominado de Pesquisa Regional Prospectiva e Observacional
em Tuberculose (RePORT-Brasil), reúne especialistas de instituições
do Brasil, Índia, África do Sul, Indonésia, China e Rússia. O Brasil é o
primeiro país a iniciar a segunda fase do projeto.
Junto com a FMT-HVD, participam
do estudo no Brasil, a Fundação José Silveira (FJS), de Salvador, a Fundação
Oswaldo Cruz (Fiocruz-RJ), Secretaria Municipal de Saúde do RJ e a Universidade
Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Em Manaus, a pesquisa é conduzida por um
grupo de pesquisadores da FMT, formado por médicos, enfermeiros, biólogos,
bioquímicos e biomédicos.
Novos tratamentos contra a
tuberculose
De acordo com o coordenador da
pesquisa na FMT-HVD, Marcelo Cordeiro, a primeira fase do projeto foi dedicada
à coleta de amostras de sangue, urina e secreções respiratórias, em pacientes e
pessoas próximas aos pacientes. As amostram foram armazenados em um
biorrepositório na FJS. “Na FMT, já foram coletadas informações e amostras
de 200 pacientes, entre eles pessoas próximas do doente”, destacou. O estudo
pretende incluir 3.600 indivíduos no Brasil.
Cordeiro explica que, a partir de
agora, essas amostras serão analisadas. A previsão é que os estudos se estendam
por mais dois anos, período em que os pacientes serão acompanhados. Algumas
questões a serem observadas são: se pessoas próximas adoeceram, por que os
diabéticos desenvolvem mais a doença e como a Tuberculose evolui em pacientes
com HIV. “São questões que, em geral, não se consegue ter respostas em apenas
seis meses, que é o tempo mínimo de tratamento da Tuberculose. É preciso um
estudo mais aprofundado, como este que está sendo feito”, afirmou.
Marcelo Cordeiro ressalta que, a
longo prazo, o que se espera é que essas pesquisas possam indicar novos
tratamentos contra a Tuberculose, mais eficazes no combate aos problemas
identificados. E, também, novos exames (testes genéticos) que possam indicar, antes
mesmo de o paciente iniciar a medicação, a resistência da bactéria ao
tratamento.
Experiência
A
FMT-HVD vem acumulando ao longo dos anos expertise na área de Tuberculose.
Junto com instituições do Rio de Janeiro, a FMT coordenou os estudos que possibilitaram
a adoção, pelo Sistema Único de Saúde (SUS), do teste rápido molecular de
diagnóstico de Tuberculose – o GeneXpert. A nova tecnologia passou a
ser utilizada em 2015. “Esse foi o primeiro estudo multicêntrico que a FMT
participou nessa área e que nos inseriu no cenário nacional e internacional de
pesquisas relacionadas à Tuberculose”, disse a diretora-presidente da
instituição, Graça Alecrim.
Segundo a diretora, desde 2011,
quando foi criado um grupo de pesquisa específico para estudar a Tuberculose, a
FMT tem se destacado como uma das instituições mais atuantes nessa área.
Atualmente, 7 projetos de mestrado e 3 de doutorado estão sendo
conduzidos em Tuberculose na instituição.
Sobre o Dia Mundial de Combate à
Tuberculose – A data foi criada em 1982, pela Organização Mundial da Saúde
(OMS), em homenagem aos 100 anos do anúncio do descobrimento do bacilo causador
da Tuberculose, ocorrido em 24 de março de 1882, pelo médico Robert Koch.
O Amazonas registrou 2.781 casos de tuberculose no ano passado (2016), uma diminuição de 3% em relação a 2015, de acordo com os últimos dados do Sistema de Informação de Mortalidade do Ministério da Saúde. O estado lidera os casos da doença no país. Apesar dessa redução, o número de mortes aumentou 16,5% no mesmo período, passando de 127 para 148, a maioria na capital Manaus.
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