O Ministério Público Federal (MPF)
recomendou às empresas de turismo e hotelarias do Amazonas que regularizem,
junto aos órgãos ambientais competentes, os cativeiros de animais silvestres
que possuam, no prazo de 30 dias, e que não permitam que turistas tenham
contato direto com os animais, especialmente mediante pagamento.
De acordo com a recomendação, o
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
(Ibama), o Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam) e o Batalhão de Policiamento
Ambiental também devem elaborar planejamento de fiscalizações periódicas nos
estabelecimentos que exploram animais silvestres, além de apresentar propostas
ou projetos de medidas compensatórias que possam promover orientação e educação
ambiental para os turistas.
Apuração do MPF identificou que há
registros fotográficos de turistas manipulando animais silvestres no Parque
Ecológico Janauari, localizado no rio Negro. As agências de turismo se
beneficiam da atividade ao oferecer o contato com os animais para os
visitantes, colocando-os em risco e causando a retirada dos animais silvestres
de seus habitats naturais e maus-tratos. O MPF identificou que grande parte dos
turistas condena esta prática, chegando inclusive a formular denúncias ao Ibama.
A utilização de animais silvestres em
atividades turísticas pode configurar o crime previsto no artigo 29 da Lei nº
9.605/98. Para o MPF, apesar de algumas fiscalizações já realizadas pelos
órgãos ambientais, a questão deve ser tratada por meio de ações
multi-institucionais. O turismo na região, segundo o órgão, deve valorizar a
fauna, com observação de aves, turismo científico, programas de conservação e
áreas de soltura conservacionista, sendo sempre uma atividade respeitosa com os
animais.
Fórum para debater propostas – Cidadãos,
representantes de órgãos do poder público, do setor privado e de entidades do
terceiro setor poderão solicitar inscrição para o Fórum Amazonense da Fauna
Silvestre e Ecoturismo, instituído pelo MPF no Amazonas para debater propostas
de atuação em relação à prática de exploração de animais silvestres em
atividades turísticas no Estado do Amazonas.
A primeira reunião do Fórum será
realizada no próximo dia 19 de junho, às 9h30, na sala de reuniões do prédio
anexo do MPF no Amazonas (av. Ephigênio Sales, 1570 – Aleixo). A formalização
desse espaço de debate foi um dos resultados da audiência pública realizada em
maio deste ano, pelo MPF no Amazonas, para discutir estratégias e iniciativas
de combate à exploração de animais silvestres no Estado. A temática é
acompanhada pelo MPF desde 2016, por meio de inquérito civil instaurado
inicialmente com o objetivo de apurar a prática de exploração de animais
silvestres no Parque Ecológico de Janauari, localizado no rio Negro, em Manaus.
Os interessados em participar do
fórum devem realizar inscrição pelo e-mail pram-oficio2@mpf.mp.br,
remetendo o currículo do solicitante, no período de dez dias, conforme edital
de convocação. O Fórum será composto de forma paritária, sendo quatro vagas
para o segmento de instituições ligadas à fauna silvestre e quatro vagas para o
segmento de ecoturismo, sendo um membro titular e um membro suplente para cada
vaga.
De acordo com o edital de convocação
publicado pelo MPF, as reuniões ordinárias do fórum serão realizadas
bimestralmente, todas as primeiras terças-feiras dos meses pares.
Acordo com empresas autuadas – O MPF
notificou seis empresas de ecoturismo que foram autuadas por órgãos ambientais
no Amazonas por explorar animais silvestres sem autorização legal. As empresas
L. de Lima Mendes – ME, Amazonventura Turismo e Eventos Ltda., Cooperativa de
Passeios Turísticos do Amazonas (Cooptuam), Chinaglia Menezes Agência de Viagem
e Turismo Ltda. - ME, Iguana Viagens e Turismo Ltda. - ME e Polimport Comércio
e Exportação Ltda. devem comparecer ao MPF no dia 11 de junho para iniciar as
discussões para celebração de um termo de ajustamento de conduta (TAC).
Contribuições da audiência pública – Na audiência
pública realizada em maio e conduzida pelo procurador da República Leonardo
Galiano, foram expostos os principais problemas que envolvem a temática,
identificados pelos órgãos e entidades, como a exposição de animais silvestres
em redes sociais pelos turistas, o estresse causado aos animais pelo contato
físico com os visitantes, a possibilidade de contaminação dos animais por
doenças trazidas por esse público, possível ocorrência de tráfico de espécies
silvestres e atuação de pessoas sem capacitação profissional como guias de
turismo, dentre outras situações.
A partir das contribuições trazidas
pelos participantes da audiência, o MPF concluiu pela necessidade de alinhar um
trabalho conjunto de fiscalização, integrado pelos órgãos competentes e entidades
com atuação relevante na causa, com o objetivo de coibir essas práticas que
prejudicam a saúde dos animais silvestres, razão pela qual propôs a criação do
fórum.
Nenhum comentário:
Postar um comentário