Quem pede o fim da democracia e a
volta do regime militar deve ser muito mal intencionado ou um completo
ignorante. É também uma vítima de um processo de idiotização em curso há vários
anos tendo à frente os maiores meios de comunicação.
Com os protestos do dia 04/12,
organizado por “movimentos” financiados pela CIA e por alguns partidos
políticos de direita, os manifestantes repetiam “chavões” usados nos atos
pró-impeachment, destituídos de qualquer conteúdo político plausível.
Quem pede o fim da democracia não
conhece nada de História. Ignora completamente as lutas travadas para que a
sociedade chegasse a um nível de convivência pelo menos respeitoso entre
segmentos e classes com interesses distintos e antagônicos. E essas lutas não
são coisas do passado. Elas acontecem todos os dias em todos os cantos do
Brasil, principalmente no meio rural, onde as classes dominantes se armam
literalmente para conter o avanço dos direitos de trabalhadores rurais,
indígenas e quilombolas. Nas cidades, essas batalhas acontecem em muitas
frentes, ora em manifestações contra o Parlamento, ora contra ações do
Executivo.
O descalabro da ideia de ditadura
militar
O descalabro dos atos do último
dia 04 e a recorrente ideia de que a ditadura militar é a salvação desse País.
Não pode haver concepção mais esdrúxula.
O governo militar nunca combateu
corrupção e nem se preocupou com a segurança pública. Os jornais da época
mostram o quanto as grandes cidades já viviam às voltas com a violência.
As forças militares e os órgãos
de repressão investiam todos os seus recursos contra os inimigos do sistema,
contra o que a grande mídia da época classificava de “subversivos” ou
“comunistas”. Ou seja, que se manifestasse contra o sistema e, principalmente,
contra a ditadura, era perseguido, preso, torturado, morto ou desaparecido.
Isso era a ditadura. Essa aberração tem que ficar no passado.
Da ignorância para as más
intenções falta acrescentar apenas um ingrediente: o ressurgimento de ideias
fascistas. Esse fenômeno não acabou com o fim da era Hitler/Mussolini. Eles
foram expoentes das classes mais conservadoras e reacionárias de seu
tempo. Essas classes sociais continuam em seus postos, controlando mais
de 50% da riqueza mundial, alimentando por variados meios o ódio fascista
contra qualquer tentativa de mudança social – um ódio estampado em muitas das
palavras de ordem nas manifestações de domingo passado. (Jornalista e
escritor J. Rocha)
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