sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

A Marcha dos Coxinhas


Quem pede o fim da democracia e a volta do regime militar deve ser muito mal intencionado ou um completo ignorante. É também uma vítima de um processo de idiotização em curso há vários anos tendo à frente os maiores meios de comunicação.

Com os protestos do dia 04/12, organizado por “movimentos” financiados pela CIA e por alguns partidos políticos de direita, os manifestantes repetiam “chavões” usados nos atos pró-impeachment, destituídos de qualquer conteúdo político plausível.

Quem pede o fim da democracia não conhece nada de História. Ignora completamente as lutas travadas para que a sociedade chegasse a um nível de convivência pelo menos respeitoso entre segmentos e classes com interesses distintos e antagônicos. E essas lutas não são coisas do passado. Elas acontecem todos os dias em todos os cantos do Brasil, principalmente no meio rural, onde as classes dominantes se armam literalmente para conter o avanço dos direitos de trabalhadores rurais, indígenas e quilombolas. Nas cidades, essas batalhas acontecem em muitas frentes, ora em manifestações contra o Parlamento, ora contra ações do Executivo.

O descalabro da ideia de ditadura militar

O descalabro dos atos do último dia 04 e a recorrente ideia de que a ditadura militar é a salvação desse País. Não pode haver concepção mais esdrúxula.

O governo militar nunca combateu corrupção e nem se preocupou com a segurança pública. Os jornais da época mostram o quanto as grandes cidades já viviam às voltas com a violência. 

As forças militares e os órgãos de repressão investiam todos os seus recursos contra os inimigos do sistema, contra o que a grande mídia da época classificava de “subversivos” ou “comunistas”. Ou seja, que se manifestasse contra o sistema e, principalmente, contra a ditadura, era perseguido, preso, torturado, morto ou desaparecido. Isso era a ditadura. Essa aberração tem que ficar no passado.

Da ignorância para as más intenções falta acrescentar apenas um ingrediente: o ressurgimento de ideias fascistas. Esse fenômeno não acabou com o fim da era Hitler/Mussolini. Eles foram expoentes das classes mais conservadoras e reacionárias de seu tempo.  Essas classes sociais continuam em seus postos, controlando mais de 50% da riqueza mundial, alimentando por variados meios o ódio fascista contra qualquer tentativa de mudança social – um ódio estampado em muitas das palavras de ordem nas manifestações de domingo passado. (Jornalista e escritor J. Rocha)


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