Segundo informação publicada no dia (09) pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM) o desmatamento na Amazônia em 2016 foi o maior registrado
nos últimos quatro anos, mas o perfil fundiário de onde ele aconteceu
permaneceu o mesmo – incluindo propriedades privadas, onde mais houve
derrubada, apesar do avanço do Cadastro Ambiental Rural (CAR). Além disso, o ranking dos
dez municípios que mais desmataram mudou pouco nos últimos anos.
Esses são alguns dos resultados de
uma análise feita pelo IPAM sobre os dados oficiais divulgados pelo governo
federal no fim de 2016. “Depois de se conseguir reduzir o desmatamento para um
patamar médio de 6 mil quilômetros quadrados por ano, observamos primeiro uma
estagnação e, agora, uma explosão de 29% em 2016. Isso mostra que o Brasil
precisa melhorar as estratégias de responsabilização de quem desmata
ilegalmente, mas também estimular e premiar quem faz direito”, explica a
diretora de políticas públicas do IPAM, Andrea Azevedo.
Entre agosto de 2015 a julho de 2016, foram desmatados 7.989 km2, segundo o Prodes. Isso é
equivalente a 128 campos de futebol do Maracanã por hora. Esta é a maior taxa
registrada desde 2008, segundo a publicação do site Instituto Humanitas
Unisinos e afirma que de acordo com a análise, houve pouca variação na
contribuição do desmatamento por categoria
fundiária nos últimos anos: a maior derrubada aconteceu nas propriedades
privadas (35,4% do registrado, seguidas por assentamentos (28,6%) e terras
públicas não destinadas mais áreas sem informação cadastral (24%).
Com relação aos polígonos, em 2016
continuou predominando o desmatamento em áreas de até 30 hectares em terras
privadas, responsável por aproximadamente 60% na média geral. Isso indica a tendência
do “puxadinho”, ou seja, pequena área desmatada anexa a uma propriedade.
A predominância do desmatamento em
áreas privadas mostra a importância da implementação do Código
Florestal. “O CAR é um instrumento de baixo custo de monitoramento
de desmatamento, mesmo pequeno, nas propriedades. Com emissões de notificações,
pode desestimular a prática”, diz Azevedo.
Nos assentamentos, o processo de
revisão ocupacional precisa ser fortalecido pelos órgãos públicos de comando e
controle, para que seja possível diferenciar beneficiários da reforma
agrária de atores externos. Já nas unidades de conservação, o aumento do desmatamento mostra a necessidade de melhor
gestão e governança para manter seu propósito de conservação dos serviços
ecossistêmicos, da biodiversidade e do modo de vida das populações locais.
(Mercedes Guzmán)
Nenhum comentário:
Postar um comentário